Os primeiros 1000 dias de vida do bebê (período que vai da gestação até os 2 anos de vida) é uma “janela de oportunidades” para a adoção de práticas saudáveis, principalmente em relação à alimentação, que poderão influenciar todo o desenvolvimento da criança até a sua vida adulta.
E assim estes 1000 dias passam, e rápido, com transformações e evoluções velozes, únicas e excepcionais. Não é à toa que chamamos esta fase de janelas de oportunidades do desenvolvimento infantil.
Hoje vamos falar da introdução alimentar, porém sob uma nova perspectiva, sob um olhar para além do comer e engolir. Um texto que fala dos sentimentos que envolvem o ato de alimentar, trazendo reflexões para as famílias entenderem que a introdução alimentar é um processo, um aprendizado para o bebê.
Não podemos falar de introdução alimentar sem antes mencionar que emocionalmente para as mães preocupar-se com a alimentação do filho é uma forma de expressar amor. E por isso, o ato de alimentar tem alta carga emocional para a mãe, cuja responsabilidade primária, aos olhos da família, da sociedade e da cultura que a cercam, é garantir o crescimento e o bem-estar inicial de seu bebê.
E quando as mães não conseguem alimentar o filho da forma como consideram ideal, sentem que não são tão boas e fica a sensação de que falharam: "como eu, mãe zelosa, amorosa e presente, não consigo alimentar meu próprio filho?" E quando o filho não come, ou come pouco, algumas mães naturalmente se sentem rejeitadas, gerando conflitos manifestados por sentimentos de culpa, incompetência e frustração.
Por isso, mamães primeiramente quero que sintam-se abraçadas, entendo que não é fácil manter a serenidade diante de uma criança que insiste em não comer. E em casos assim, meu conselho é:
- Não se cobre tanto, você não fez nada de errado!
- Não leve para o lado pessoal quando seu filho não quer comer. Não foi porque sua comida estava ruim e sim porque ele estava sem apetite ou algum outro incômodo.
- Fuja das crenças internas de querer sempre uma alimentação hiper saudável para seus filhos. Não existe a alimentação perfeita e sim a alimentação possível!
- Leve o momento da refeição de forma mais leve, precisamos estar bem para alimentar nosso filho. E se você não estiver bem, acho super válido delegar aquela refeição para outra pessoa, pai, avó, babá, seja quem for!
- E lembrem-se: você é a melhor mãe que seu filho poderia ter!”
Ao começar a introdução alimentar, lembre-se que não é somente o bebê começar a ingerir alimentos que não sejam o leite (materno ou fórmula) à partir dos 6 meses. Introdução alimentar não é apenas sobre comer. Mas sobre conhecer os alimentos. Sentir seu sabor, sua textura, seu cheiro.
É experimentar e gostar. É experimentar e não gostar e tudo bem, eles não precisam gostar de tudo! Nós não gostamos de todos os alimentos!
É sobre respeitar a saciedade. É sobre não utilizar a comida como objeto de recompensa ou punição. É permitir que o bebê tenha autonomia no processo.
É sobre saber de onde os alimentos vem, como eles são feitos, o que envolve a sua produção, logística e preparo.
É sobre dar espaço, não ter pressa e deixar que a criança construa sua própria trajetória de relação positiva com a comida.
A introdução alimentar é um salto de desenvolvimento do bebê e precisamos aprender a enxergar para além do prato e ver qual é o percurso cognitivo dele. Não existe melhor método ou abordagem, pois é o seu bebê que vai te guiar e mostrar o que funciona melhor para ele.
O desafio na introdução alimentar é desconstruir a ideia de que nós somos os protagonistas da introdução de alimentos.
Desejo sucesso nessa nova etapa e se quiser saber mais sobre alimentação infantil, siga meu instagram
@nutrinfantil_camilalves
Sou Camila Alves, nutricionista materno infantil e mãe do Luis. Sou apaixonada pelo o que eu faço pois acredito que o cuidado da alimentação infantil, faz toda diferença na saúde da criança e no adulto que se tornará.